sexta-feira, 8 de junho de 2012

Entrevista Sobre As Formas De Avaliação



O PROFESSOR E AS FORMAS DE SE AVALIAR

Tudo vai depender da maneira como são propostas as questões. Se a intenção não for apenas a de verificar quantas informações o aluno "guardou em sua cabeça", mas sim a de perceber como o aluno está aproveitando tudo o que ele aprendeu durante as aulas, para compreender os temas estudados no curso e para resolver problemas propostos pela disciplina estudada, então a prova pode ser um bom momento para professores e alunos efetuarem uma revisão de tudo o que foi – ou deveria ter sido aprendido – e perceberem o que ainda pode ser melhorado.
Uma boa alternativa é permitir que os alunos re-elaborem as questões da prova nas quais não conseguiram um bom resultado, de modo que possam recuperar as falhas anteriores.
A prova operatória constitui um instrumento de avaliação que corresponde a uma nova oportunidade dada ao aluno para ampliar o seu conhecimento sobre uma determinada matéria. É possível avaliar os alunos mediante a aplicação de provas sem que essa atividade seja, apenas, uma tarefa burocrática, a qual rouba dos professores e alunos tempo preciosos que poderia estar sendo dedicado ao desenvolvimento do ensino e do aprendizado. Para eles, uma prova pode ser considerada operatória quando:
Longe de ser mecânicos questionários, testes ou exercícios, for um momento a mais para o aluno viver internamente a construção ou reconstrução de conceitos ao longo do caminho da aprendizagem. Ou seja, um momento de aprendizagem, (HOFFMAN, 1994, p. 34).
Além de explicitarem os objetivos e as ações que devem ser cumpridos pela realização de uma prova, os autores desenvolvem a proposta no sentido de torná-la mais clara.
As questões referem-se a temas atuais que tenham relevância para a compreensão do mundo, contribuindo para a reflexão do aluno sobre contexto histórico em que vive. O aluno que se vê convidado a refletir sobre o mundo que o cerca sente que não está respondendo a uma questão apenas porque o professor quer assim, mas percebe a importância do estudo de cada disciplina específica para o conhecimento de uma realidade da qual ele próprio faz parte.
Sendo assim, a avaliação escolar deve permitir verificar não apenas a retenção de informações sobre a matéria pelo aluno, mas, principalmente, se os alunos estão sendo capazes de utilizar aquilo que aprenderam a partir dos exemplos dados pelo professor na compreensão de casos análogos. Segundo Demo (1996)
Avaliamos o êxito de qualquer ensino não pela capacidade de reprodução que o aluno tem do que lhe foi apresentado como informação ou caso exemplar, mas pela sua capacidade de construir soluções próprias a novos problemas, ainda que para isso ele recorra àquilo que lhe foi colocado como caso exemplar, ou seja, que ele lance mão das ‘soluções canônicas’ que lhe foram apresentadas.(p.186).
Para dar um exemplo, não podemos ter certeza de que um aluno aprendeu um novo idioma apenas ao verificar que reproduziu um texto escrito em alemão, pois, para tal basta ter boa coordenação e prestar atenção na tarefa. Evidentemente, contudo só poderemos dizer que uma pessoa aprendeu alemão quando observamos que ela é capaz de criar um novo texto em alemão e não apenas copiar.
Ao avaliar as competências dos alunos é preciso definir adequadamente os objetivos que o aluno deve alcançar e levar em consideração ainda uma distinção no que se refere à correção para o aprendizado de informações.
A modalidade diagnóstica consiste na sondagem, projeção e retrospecção das situações dos desenvolvimentos do aluno, permitindo constatar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem. Quando os objetivos não forem atingidos, são retomados e elaboram-se novas estratégias para que se efetue a produção do conhecimento.Segundo Sant'anna (1999). Esta modalidade deve ser feita no início de cada ciclo de estudos através de uma reflexão constante, crítica e participativa.(p.124).
A avaliação possui três funções de fundamental importância para o processo educativo como diagnosticar, controlar e classificar.
A função diagnóstica tem como objetivo identificar, analisar as causas de repetidas incapacidades na aprendizagem, evidenciando dificuldades em seu desempenho escolar, sendo que a função formativa ou de controle tem a finalidade de localizar, apontar as deficiências, insuficiências no decorrer do processo educativo, na qual os instrumentos deverão estar de acordo com os objetivos a serem atingidos.
Quanto à função classificatória podemos dizer que frente a este contexto, o professor deve desenvolver o papel de problematizador, ou seja, problematizar as situações de modo a fazer o aluno, ele próprio construir o conhecimento sobre o tema abordado de acordo com o contexto histórico social e político o qual está inserido, buscando a igualdade entre educador-educando, onde ambos aprendem, trocam experiências e aprendizagens no processo educativo, uma vez que "não há educador tão sábio que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada possa ensinar” (BECKER, 1997, p.147). Esse fato vem comprovar a interação do aluno no processo de ensino-aprendizagem em que cada um tem a ensinar para o outro, sendo que a avaliação é um elo entre a sociedade, as escolas e os estudantes.
É necessário que ocorra uma conscientização de todos estes segmentos, onde a avaliação deve ser repensada para que a qualidade do ensino não fique comprometida, tendo o cuidado nas influencias nas histórias da vida do aluno e do próprio professor para que não haja, mesmo inconscientemente, a presença do autoritarismo e da arbitrariedade que a perspectiva construtivista tanto combate.
Segundo Hoffmann (1.993).
Avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação - reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este devem propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas. (p.134).
A avaliação escolar é um processo pelo qual se observa, se verifica, se analisa, se interpreta um determinado fenômeno (construção do conhecimento), situando-o concretamente quanto aos dados relevantes, objetivando uma tomada de decisão em busca da produção humana. Segundo Luckesi (1995).
O ato de avaliar tem, basicamente, três passos: Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da realidade. Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no processo educativo. (qualificação)-Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.(p,148).
Neste sentido, é essencial definir critérios onde caberá ao professor listar os itens realmente importantes, informá-los aos alunos sem uma necessidade, pois a avaliação só tem sentido quando é contínua, provocando o desenvolvimento do educando. O importante é que o educador utilize o diálogo como fundamental eixo norteador e significativo papel da ação pedagógica. Freire argumenta que:
O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em vez de transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse fixa do professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção do objeto. (P. 125).
O diálogo é visto como uma concepção dialética de educação, pois se supera tanto o sujeito passivo da educação tradicional, quanto o sujeito ativo da educação nova em busca de um sujeito interativo.
Faz-se necessário ao educador o comprometimento como profissional durante as suas inter-relações em que o compromisso não pode ser um ato passivo, mas sim a inserção da práxis na prática educativa de professor e aluno. Freire (1999), afirma que:
Se a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no mundo, associada indiscutivelmente à sua ação sobre o mundo, não existe no ser, seu estar no mundo se reduz a um não poder transpor os limites que lhe são impostos pelo próprio mundo, do que resulta que este ser não é capaz de compromisso. É um ser imerso no mundo, no seu estar, adaptado a ele e sem ter dele consciência. (p. 123).
Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na qualidade do ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo no decorrer do ano letivo, observando a capacidade e o ritmo individual de cada um. Desta forma, para haver uma avaliação qualitativa e não classificatória deve acontecer uma mudança nos paradigmas de ensino em relação à democratização do excesso da educação escolar e com isso haverá uma qualidade de ensino do educando onde acontecerá um sentido de evolução produtiva nos processos avaliativos.
A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, uma vez que é o ato de julgar o próprio desempenho de aluno e professores. O educador deve se auto-avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua prática pedagógica. E a auto-avaliação do aluno para avaliar o professor deve servir como subsídio para a sua própria auto-avaliação, momento este que servirá para refletir sobre a relação e interação entre educando e educador. Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados à necessidade de dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação educativa / avaliativa da instituição. Propicia, portanto, condições para o aluno refletir sobre si mesmo e o que tem construído ao longo da vida.
Uma grande questão é que avaliar envolve valor, e valor envolve pessoas. Quando se avalia uma pessoa, se envolve por inteiro – o que se sabe, o que sente, o que se conhece desta pessoa, a relação que se tem com ela. E é esta relação que o professor acaba criando com seu aluno. Então, para que ele transforme essa sua prática, algumas concepções são extremamente necessárias.
O sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com quem está se relacionando e reconhecê-la como uma pessoa digna de respeito e de interesse. O professor precisa estar preocupado com a aprendizagem desse aluno, principalmente quando percebe nele, dificuldades oriundas e distúrbios mentais ou sensoriais.



Fonte: http://pedagogiadidatica.blogspot.com.br/2008/11/ambiente-de-aprendizagem-construtivista.html

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